A Roda da Vida |
A roda da vida numa das paredes do templo do CEBB em Viamão (foto minha - meio fora de foco - rs - clique pra ampliar) |
Seguem minhas anotações do que Lama Padma Samten ensinou durante o retiro de inverno 2014, no CEBB Viamão, RS.
Atualização em 2018: explicação completa da Roda da Vida por Jetsunma Tenzim Palmo.
Do centro da imagem para fora:
3 animais: (mais detalhes abaixo)
- Javali - ignorância - que gera:
- Galo - desejo/apego - que gera (quando ameaçado):
- Cobra - raiva
6 reinos:
- Reino dos Deuses - Ideal do samsara. Viver como reis e imperadores. Tudo de bom (topo na imagem). Para o budismo, aqui ficam Brahma, Vishnu e Shiva (deuses que, respectivamente, mantém e dissolvem ilusões do samsara) e o jardim do éden cristão. Emoção principal: orgulho.
- Reino dos Semideuses - Invejam os Deuses. Disputa. Tentam sempre alcançar o que os Deuses possuem. No mundo, tecnologia, ciência etc. Perseverar dentro do samsara. Olho do bom senso e da causalidade aprendido no mundo.
- Reino dos Infernos - Muitas variações de raiva, dor e tortura (abaixo na imagem).
- Reino dos Seres Famintos - Carência. Aspirações impossíveis de realizar. No nosso mundo (samsara), crescente limitação de recursos. Em expansão, com os problemas ecológicos.
- Reino dos Animais - O reino animal. Preguiça. Impossibilidade de sair de avidya. No nosso mundo, em diminuição, com os problemas ecológicos.
- Reino Humano - O mais favorável porque nele há os ensinamentos e a chance de iluminação. É muito pequeno. "Somos cegos porque vemos." (Buda) Notar a raridade de um Buda surgir aqui. E de o Darma nos tocar. Buda Sakyamuni é o quarto buda histórico. O próximo é Maytrea. Reino caracterizado pelo planejamento por etapas para obter resultados, mas limitado pela impermanência, falta de controle e sofrimento. Falta de sentido.
12 elos (compreensão importante para Prajna):
Se você já está mais avançado nos estudos, veja nesse post o resumo que fiz de todos os doze elos da originação dependente
Imagens fora da roda: Simbolizam a perda de tempo de pessoas no samsara que não aproveitam a vida humana preciosa para praticar (jogando videogame ou dançando).
P.S.: Palestra maravilhosa da Jeanne Pilli sobre A Roda da Vida no CEBB Fortaleza, em 08/10/2015.
Contemplando o desenho do centro da roda da vida de Tiffani Gyatso
Classicamente, o javali (ou porco) simboliza a ignorância, visão de vida baixa, curta e autocentrada. A partir de seu rabo surge o galo (desejo e apego), simbolizando nosso esforço cotidiano de manter o que desejamos e nos afastar do que não desejamos (por isso, o galo, que é um animal que está sempre ciscando, buscando algo, em movimento movido pelo desejo). O Lama Padma Samten fala que o galo tem tudo a ver com a figura do equilibrista de pratos que somos, tentando manter girando sem cair o prato do emprego, o prato do relacionamento, o prato da família, etc. A partir do rabo do galo surge a cobra (raiva), que brota quando algo atrapalha nossos desejos, nossas fixações, nossos apegos. Quando algum prato cai e quebra. E a partir daí, o ciclo eterno se reinicia, gerando um novo javali (o Lama brinca que seria um javali 2.0) que agora vai tentar evitar a quebra de outros pratos. A simbologia do animal comendo o próprio rabo lembra a imagem grega do Oroboros, representando algo eterno.
Na representação dos três animais, podemos notar com um olhar mais apurado algumas criações notáveis da artista, como o galo com penas de pavão em seu rabo, como que simbolizando um orgulho nosso pelos pratos conquistados. O Buda (presente em todas as partes da roda da vida) está acima desse ciclo, fora dessa confusão tão nossa, com o rosto plácido, uma luz na mão esquerda (talvez representando lucidez) e a mão direita apontando a flor de lótus que nasceu onde ele pisou (no nascimento do Buda Sakyamuni, Sidarta Gautama, diz-se que onde ele pisava nasciam flores de lótus).
A saída, então, do ciclo, seria a flor de lótus, que o Buda aponta, o que me lembrou o mantra da compaixão, "do lodo nasce o lótus" (OM MANI PADME HUM). Ou seja, por mais que aparentemos estar preso nesse ciclo, por mais que estejamos atolados no lodo, Buda nos aponta a saída em Bodicita, na compaixão, na ampliação da visão autocentrada e dual do javali em qualquer uma de suas versões.
- atualização 2024:
- o Darma do Buda no mundo
- Linhas Temáticas - Ação Paramita
Fábio, parabéns: Após assistir tantos vídeos do Lama e, depois ler o que nos posta, completamos nossos ensinamentos de forma mais profunda.
ResponderExcluirObrigada por esta iniciativa.
Angela Paes!
Exatamente isso, acompanhando os ensinamentos do Lama e acompanhando aqui você completa e compreende a sabedoria.
ExcluirTenho uma pergunta, Fábio:
ResponderExcluirPor que chegamos ao Samsara com a mente condicionada. Por que a Fonte Primordial é dotada desta natureza?
Desculpe, mas são questionamentos que não consigo responder e são importantes porque não consigo ir mais profundamente nos estudos. Sabe onde posso encontrar?
Obrigada,
Angela Paes!
Pelo que ouvi do Lama Padma Samten no Youtube, porque temos liberdade até para nos prendermos... Cada elo é causa e condição para o seguinte e assim vamos nos emaranhando nos 12 elos... Eu recomendo os livros dele todos e o canal no youtube, acho demais! Quanto a esse tema específico, o livro "A Roda da Vida", disponível na lojinha do site do CEBB.
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