domingo, 31 de agosto de 2014

Retiro Fechado de 2 Dias - Diário de Meditação

Em novembro de 2013 comecei a pratica meditação e me interessar pelo Budismo. Queria controlar melhor minhas emoções e ser uma pessoa melhor, com mais compaixão e cuidado com os outros, principalmente os mais próximos.

De textos de Osho, acabei achando o site tzal, onde o Eduardo (Padma Dorje) me orientou sobre dúvidas iniciais da prática e sobre centros budistas e lamas que recomendava... E da importância de ter um mestre pra orientar a prática. Daí vi vários no youtube mas tive uma conexão maior com o Lama Padma Samten (do CEBB).

Então, fui conhecer o CEBB-Rio num fim de semana e no outro já teria uma Palestra e Mini-Retiro com Márcia Baja, onde aprendi a importância de relaxar mais e passei a fazer savássana depois das prostrações, antes de iniciar shamata, o que melhorou muito a qualidade da meditação. Empolgado demais, quase larguei tudo pra ir para um retiro mais longo no Nordeste, mas desisti na véspera. Hoje, vejo que foi bom pois penso não estar preparado teoricamente, psicologicamente ou fisicamente para aproveitar ao máximo essa experiência. Passei a frequentar um grupo de estudos no Recreio em vez do CEBB-Rio, pela proximidade.

Depois, fui a dois retiros com o Lama, sendo um curto em Araras (Petrópolis - RJ) também e um de dez dias em Viamão (no inverno, bem frio). Recomendo. Nessa época, comecei a fazer umas meditações guiadas no trabalho, escolhi um tutor no CEBB e criei este blog sobre budismo tibetano e este outro sobre meditação shamata com foco nos 5 lungs, tentando passar os benefícios da meditação independente de religiões.

Nesse fim de semana tive a primeira experiência de retiro fechado, sozinho comigo mesmo no meu apartamento. O roteiro passado pelo tutor foi:

  • 5h30 - Meditação.
  • 6h - 7h - Puja Chuva de Bençãos.
  • 7h - 9h - Café da manhã e descanso.
  • 9h-12h - Meditação com foco nos 5 lungs.
  • 12h-14h- Almoço e descanso.
  • 14h-17h- Meditação com foco nos 5 lungs.
  • 17h-18h- Atividade física 
  • 18h- 20h- Jantar e descanso.
  • 20h-21h - Puja Prajnaparamita.
  • 21h-21h30 - Meditação (Mettabhavana).

Bem, desde novembro de 2013, pratico basicamente todo dia, antes de ir trabalhar. Comecei com 15 minutos e fui aumentando até uma hora, mas nunca passei de uma hora. Acordar cedo pra meditar já virou hábito (atualmente é as 4:30). Então, com esse roteiro, a grande dificuldade mesmo foram essas 3 horas seguidas de prática, não o sono. Providenciei comida, desliguei PC, celular e interfone. Foi assim o retiro:


SÁBADO:

Tudo ok. No puja não acumulei o mantra 108 vezes, fiz menos. Na meditação de manhã aguentei as 3 horas, mas a coluna lombar ficou doída, mesmo com a yoga e os alongamentos de 15 em 15 minutos, e tentando colocar mais almofadas na base da coluna. Também foi difícil tanto tempo seguido meditando com o mesmo método. Outra coisa difícil é combater o ego orgulhoso pela conquista de 3 horas seguidas fazendo shamata com foco nos cinco lungs (meu máximo era uma hora antes disso). Lembrar de Jetsunma Tenzim Palmo, que passou 12 anos numa caverna em retiro fechado ajudou. :) Lembrar desse texto do Prof. Allan Wallace também. De tarde, aguentei só uma hora e meia e questionei se não seria melhor uma prática constante como eu vinha fazendo, com meditações diárias de uma hora, em vez de algo que pareça não natural, que pode acabar fazendo a mente ligar meditação a desprazer. Acho que horários rígidos e longos acabam tirando um pouco do relaxamento. Pensei em nem fazer mais nada domingo, mas acabei vendo - além do desenho Avatar, como estudo dos 5 elementos [:)]  - o Lama no Youtube, o que me empolgou a seguir em retiro no dia seguinte, mesmo não fazendo tudo perfeitamente. Senti falta nesse retiro de ouvir o Lama. Nos retiros anteriores foi ao contrário, achava que tinha pouca meditação. :) Ah, não aguentei e acessei a internet de noite também... :)


DOMINGO:

De noite, tive um pesadelo com relações ainda a pacificar. No retiro de inverno, tive dois assim também. Como se o inconsciente estivesse tentando ajudar. Insistir no retiro hoje foi bom porque percebi que vai aumentando meu nível de tensão com o tempo sem contato com ninguém, o que acaba sendo contraproducente com a meditação. Retiro fechado, acho que só mesmo com mais pessoas daqui pra frente. Apesar disso, meditei normalmente de manhã, depois, no Puja, consegui entoar o mantra da Prajnaparamita 108 vezes e achei bem melhor a sensação, principalmente perto do final. Algo como esquecer-se mais de si mesmo. Aumentou minha conexão com essa prática de mantras. As meditações de 3 horas deixei em uma hora mesmo e flexibilizei os horários. Tive a ideia de fazer esse post, já que é recomendado ter um diário de meditação para acompanhar a própria evolução. A própria ideia atrapalhou um pouco a meditação. :) De tarde, tentei dormir depois do almoço no horário de descanso mas toda hora acordava assustado com algum sonho ruim. Acho que um deles foi na casa da minha família em Maria da Graça. Hoje aumentou um pouco a agonia de estar sozinho (comigo sempre bem perceptível no peito - fisicamente mesmo). Combati com shamata. Melhora instantânea. Gostei da sensação de estar enfrentando meus demônios psicológicos nesse retiro fechado. Novamente acessei a internet, acabei escrevendo bastante no blog de poesias também. Acho que ficar 2 dias sem ver ou falar com ninguém aumenta a criatividade. :) Notei também que perdi um pouco a noção do tempo: não lembrava se era sábado ou domingo hoje de tarde.

Obs.: Acabei sem fazer atividade física nenhuma além dos alongamentos e yoga durante as meditações longas, fiz apenas um Puja Prajnaparamita por dia e reduzi metabávana pra 15 minutos.

Espero que esse esforço sirva para beneficiar outros seres. Depois de um tempo percebi que piorou minha prática. :) Forcei demais. Há um ano praticando diariamente fui de 15 minutos de shamata até 1 hora. Mas depois do retiro, voltei aos 15 minutos. O próprio lama recomendou que voltasse ao início, que não pode ser um desprazer. Aproveitei a transmissão ao vivo via Google e perguntei o que fazer (está agora aqui no youtube a palestra, minha pergunta foi perto dos 43 minutos).

sábado, 30 de agosto de 2014

As seis perfeições (ou 6 Paramitas)

As 6 paramitas (na ordem correta - cada uma depende da anterior) são:
  1. generosidade
  2. ética (ou moralidade) - não prejudicar os outros
  3. paciência (ou paz) - não se abalar
  4. energia (ou esforço) constante - independente de fatores externos
  5. concentração (ou meditação)
  6. sabedoria
- São alguns dos antídotos para as 6 emoções perturbadoras

domingo, 3 de agosto de 2014

Trikaya - os três kayas

Kaya - significa corpo (ou manifestação)

Trikaya:
  • Dharmakaya - mente do buda (aspecto secreto) - natureza eterna, absoluta, vazia e incondicionada - luminosidade base - estado primordial de Rigpa
  • Sambhogakaya - fala do buda (aspecto sutil) - campo da total plenitude, claridade, radiância da vacuidade - Exemplo: 5 Diani Budas. Autorradiância de Dharmakaya, que serve como potencial e combustível das manifestações de Nirmanakaya
  • Nirmanakaya - corpo do buda (aspecto grosseiro) - cristalização na forma da manifestação incessante não obstruída (a maioria de nós só percebe este tipo de manifestação - ignorância*)

OBS.: Rupakaya - corpo manifesto. O Corpo de Buda, perceptível, que aparece de dois modos: sambhogakaya e nirmanakaya. Svabhavikakaya: O corpo da natureza essencial de Buda, o aspecto de inseparabilidade dos três kayas. A expressão quatro kayas se refere aos três kayas e a esse aspecto de inseparabilidade entre eles.

*Pesquisa complementar em O livro tibetano do viver e do morrer. Sogyal Rinpoche - 1a. edição - São Paulo: Palas Athena, 2013. ps. 446-457. 10/12/2014.

*Paralelo com o cristianismo: Deus (Pai) / Espírito Santo / Jesus (Filho)

*Paralelo com a arte: Inspiração / Tradução / Obra de arte